segunda-feira, 24 de março de 2014

A ÁGUIA BICÉFALA


Alguns símbolos adquiriram tal vigor que até o não iniciado sabe que o mesmo se refere à Maçonaria.  A águia bicéfala, representativa do Rito Escocês Antigo e Aceito, talvez seja o símbolo maçônico mais conhecido depois do Esquadro e Compasso e do Delta Luminoso. A águia bicéfala é um símbolo presente na iconografia e heráldica de várias culturas indo-européias e mesoamericanas. Na Europa, procede da águia bicéfala hitita, chegando à Idade Média ocidental através do Império Bizantino. Muitos estados, como o Império Bizantino ou o Império Russo usaram-na em bandeiras, estandartes e escudos. As cabeças da águia mirando para lados opostos representavam o poder e a nobreza exercidos tanto sobre o Oriente quanto sobre o Ocidente, como foi o caso de Impérios intercontinentais, tal qual Bizâncio e a Rússia.
A "Águia de Duas Cabeças de Lagash" é o mais antigo brasão do Mundo. Nenhum outro símbolo emblemático no Mundo pode rivalizar em antiguidade. A sua origem remonta à antiqüíssima Cidade de Lagash. (Lagash é uma das cidades mais antigas da Mesopotâmia. A cidade de Lagash situava-se na Suméria, no sul da Babilônia, entre os Rios Eufrates e Tigre, perto da atual cidade iraquiana de Shatra. Possuía um calendário de doze meses lunares, um sistema de pesos e de medidas, um sistema bancário e de contabilidade, sendo ainda um centro de arte e literatura, tudo isso cinco mil anos antes de Cristo. Envolveu-se numa guerra com outra cidade-estado vizinha, de nome Umma, por causa do controle da água, sendo este o primeiro conflito armado de que se tem notícia tendo como causa o chamado "precioso líquido".)
            No ano 102 a.C., o cônsul romano Marius decretou que a Águia seria um símbolo da Roma Imperial. Mais tarde, já como potência mundial, Roma utilizou a Águia de Duas Cabeças, uma voltada para Oriente e outra para Ocidente, como símbolo da unidade do Império. Os imperadores do Império Romano Cristianizado continuaram a sua utilização e foi depois adotado na Alemanha durante o período de conquista e poder imperial.
            No século XVIII, a maçonaria conhecida como “escocesa” estava se desenvolvendo rapidamente na França. Foi então que, em 1758, surgiu o Conselho dos Cavaleiros do Oriente, dirigido por maçons da classe média, com o intuito de organizar os Graus Superiores. Já os maçons da classe alta e da nobreza, não desejando ficar para trás e deixar os opositores ganharem poder, criaram o Supremo Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente. Ora, um ”Supremo Conselho“ soa mais do que um simples ”Conselho”, “Imperadores” são mais do que simples ”Cavaleiros”, e ”Oriente e Ocidente“ é o dobro do que apenas ”Oriente”! Dessa forma, esse Supremo Conselho conseguiu prevalecer, se tornando a “incubadora” do Rito de Perfeição, com seus 25 graus, os quais posteriormente serviram de base para o Rito Escocês Antigo e Aceito. Quando do surgimento do Supremo Conselho do Rito Escocês em Charleston, EUA, com seu sistema de 33 Graus, aproveitou-se o emblema do Rito de Perfeição, da águia bicéfala com a coroa, acrescentando acima dessa um triângulo inscrito com o número “33”. Além disso, optaram pela típica “águia americana”, com as penas da cabeça e da cauda brancas e o restante da plumagem marrom.
Hoje na maçonaria, a Águia bicéfala tem o significado de Elevação e Coragem  e é o distintivo dos mais altos Graus da Maçonaria filosófica, figurando entre os Símbolos dos Cavaleiros Kadosh e dos Príncipes do Real Segredo. Ela também é o emblema dos Soberanos Grandes Inspetores Gerais e do Supremo Conselho, representando o poder e a superioridade possuída por este alto corpo.


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