segunda-feira, 24 de março de 2014

O PAÍS DO TAPINHA NAS COSTAS

     Entrevistado do programa de estreia do jornalista Roberto D'Avila, na noite de sábado, na GloboNews, o presidente do Supremo tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, descartou a possibilidade de ser candidato nas eleições deste ano, falou sobre sua visão com relação à presença de um negro no Supremo e rejeitou a fama de bravo, embora tenha admitido que, por vezes, se arrepende de usar algumas "palavras mais duras".
     "Sou um companheiro inseparável da verdade. Não suporto essa coisa de o sujeito ficar escolhendo palavrinhas para fazer algo inaceitável. E isso é da nossa cultura. Faz-se algo ilegal, mas com belas palavras, com gentileza. Isso é responsável por boa parte das minhas irritações".
     Ao ser perguntado por Roberto D'Avila se não era rude, em algumas ocasiões, Barbosa se justificou: "Tem que ser. O Brasil é o país dos conchavos, do tapinha nas costas, o país onde tudo se resolve na base da amizade. Eu não suporto nada disso". 
     A entrevista, de 48 minutos, também teve perguntas sobre questões raciais. Numa delas, o ministro - que afirmou que o racismo "você sente sempre, em criança e mesmo quando ministro do STF" - disse lamentar o fato de que "pouca gente olha o meu currículo, só vê a cor da pele". Em outra, falou da expectativa que tem sobre a escolha de negros para o Supremo: "Espero que os presidentes saibam escolher bem pessoas para cá, que escolham um negro com naturalidade".
     A especulação sobre uma pretensão a cargo político, ainda nas eleições de 2914, foi negada por Joaquim Barbosa, que deve ficar no STF até novembro.
     "Por enquanto, não. Recebo inúmeras manifestações de carinho, pedidos de cidadãos comuns para que me lance nessa briga, mas não me emocionei com essa ideia", relatou Barbosa.

Reportagem extraída do Jornal Extra em 24/03/2014.

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